Agora estou parada, contra o vidro na janela. Tento enxergar algo, ou alguém melhor, alguém que tenha se tornado uma pessoa melhor com o tempo. Mas não vejo nada. Nem se quer reconheço aquela que olha pra mim refletida no vidro frio para o qual olho. Vejo pessoas chorando por mim, ou se apaixonando. Eu mesma não faria isso, é muito arriscado. Eu mesmo não me apaixonaria por mim, eu não sou digna de tal coisa, de tal devoção. Eu não mereço aquilo que fazem por mim, ou que sentem, não mereço as lagrimas que caem, nem os sorrisos, nem os carinhos, nada.
Sempre caminhei para tentar construir uma imagem que todos adorassem, me escondendo atrás de mascaras e fantasias de outras pessoas que não sou eu. Tentando maquiar a imagem grotesca que eu via em mim. Fiz coisas das quais me envergonho, para agradar a outros que não eram eu. Por que será essa obsessão por estar cercada de pessoas? Talvez pelo medo de ser só, como muitas vezes fui. Ou por simplesmente ser egocêntrica e gostar de toda aquela atenção.
Colei mascaras que não em pertenciam. Mudei meu gosto, minha postura e minha voz. Fiz pose de forte quando era tão fraca. Fiz cara de feliz, quando quis me afogar em lagrimas. Ignorei fatos, tentando afastá-los e de minhas fantasias. E as mascaras se colaram todas, e hoje não sei como tirá-las. Não sei mais quem sou.
Eu me pergunto o que ganhei com isso. E não encontro resposta alguma. Perdi a personalidade, não agradei ninguém, me tornei estranha a meus olhos. E o mais importante, fui infeliz, esqueci de agradar a única pessoa que importava ali no meio. Eu! Esqueci de mim.
O lado reverso da beleza, o grotesco. A garota mimada, infantil e indigna de confiança. A auto destrutiva nojenta, que não precisa que ninguém a puxe para baixo, é pra lá que ela caminha.
Crio uma bolha em volta de mim esperando que ninguém penetre em minha armadura. Proteção que não me permite confiar em ninguém, que afasta os fatos ruins e os apaga de mima mente para que não me perturbem.
Tudo isso para ter pessoas a minha volta. Pessoa que hoje eu tenho repulsa. Odeio cada uma dela, ignoro toda. Pessoas que eu não conheço, e que já me da aversão.
Não sou sozinha, pelomenos espero que não. Eu tenho aqueles que amo, e que espero que me amem. Eu tenho família, eu tenho amigos. E um namorado que me proporciona coisas maiores do que as que eu mereço.
E eu agradeço a todos esses. E lhes peço desculpas por todo mal que causei. Mas peço desculpas principalmente a mim, a quem prejudiquei mais.